TRAGÉDIA ANUNCIADA PARA O TRÂNSITO BRASILEIRO EM 2026



Temos uma consulta pública em andamento e a predisposição do governo em desobrigar a formação feita pelas autoescolas em todo o Brasil. O curso teórico e as aulas práticas podem passar a ser facultativo, podendo ser oferecido por pessoas  sem a qualificação e a prática dos instrutores de autoescolas no formato  atual.


O trânsito brasileiro sempre figurou entre os mais violentos do mundo e a previsão para o número de mortes em 2025 é alarmante, deve passar de 32.000 mortes até o final do ano.


Se você acha alto esse número  que é negligenciado pela sociedade, espere o final de 2026. Vai piorar muito e não precisa ser estatístico ou cientista social para concluir que a tragédia do nosso trânsito vai ampliar o número de vítimas


Temos uma legislação  bem completa mas insuficiente para punir com severidade os crimes cometidos no trânsito, é senso comum que crime de trânsito só tem punição séria  se cair no gosto da opinião pública ou quem cometeu o crime não tiver dinheiro


Apesar do esforço dos profissionais instrutores é difícil sensibilizar os aprendizes de que existem regras e devem ser seguidas. Quase sempre as pessoas chegam nas autoescolas com todos os vícios e erros ensinados por pais, irmãos, tios e toda gama de pessoas que se acham instrutores de trânsito.


Com as aulas tornando-se facultativas se feitas por profissionais, o árduo trabalho de correção e ensino feito hoje deixará de existir. Essas pessoas cheias de ensinamento errado chegarão aos exames e provavelmente serão aprovados


Preparem-se para ter ruas cheias de pessoas que saberão ligar o carro e andar para frente sem noção de direção defensiva, legislação, ética, todos se sentirão ases do volante e o número de acidentes e vítimas certamente será ampliado.


Penso que ainda dá tempo para o governo rever essa tendência. O custo da decisão populista vai resultar  em vidas ceifadas. Talvez aumente o número de “habilitados” mas certamente não o número de condutores conscientes.


A questão de não ter carteira não é de custo e sim de prioridade, só fazemos o que priorizamos e por isso tantas pessoas andam sem carteira sem nunca ter recebido o treinamento e ensino correto. Apostam na impunidade e na fiscalização precária. Esquecem-se que o custo disso é a vida de muitos.


Espero francamente que o governo repense as mudanças na legislação que vão  flexibilizar a emissão de cnh


Sydnei Ulisses de Melo

Ex - instrutor de trânsito em Aracaju SE